A fertilização in vitro é uma técnica revolucionária que oferece esperança a casais que enfrentam dificuldades para conceber naturalmente.
Atualmente essa é uma das técnicas mais adotadas, pois apresenta melhores taxas de sucesso, é capaz de contornar diferentes condições que levam à infertilidade, além de ser um tratamento seguro.
A FIV é considerada um tratamento de alta complexidade, pois envolve maior tecnologia ao longo do processo. Durante o procedimento, o óvulo é retirado da mulher e fertilizado em laboratório com o espermatozóide do parceiro ou de um doador. O embrião formado é acompanhado em laboratório durante os seus primeiros dias de desenvolvimento e só então é transferido de volta para o útero da mulher, visando alcançar a gravidez.
Para quem ela é indicada?
- Idade avançada da mulher
- Endometriose em diferentes graus e distúrbios ovulatórios (falência ovariana)
- Fatores tubários: obstrução, cirurgias prévias (laqueadura / retirada cirúrgica das trompas)
- Fatores seminais graves: alterações de morfologia, contagem seminal baixa (< 5 milhões/mL), ausência de espermatozoides no ejaculado
- Casais com histórico de doenças genéticas ou perdas gestacionais recorrentes de provável origem genética
- Falhas repetidas em tratamentos anteriores
- Infertilidade sem causa aparente há mais de 2 anos
- Entre outras
Quais são as etapas do tratamento?

Primeira Etapa: Estimulação Ovariana
O tratamento se inicia com o uso de medicações estimuladoras para o crescimento dos folículos ovarianos, dentro dos quais encontram-se os óvulos. Essas medicações são chamadas de gonadotrofinas e, em geral, são injetáveis, de administração subcutânea realizadas pela própria paciente.
A resposta da paciente aos medicamentos é acompanhada com exames de ultrassonografia transvaginal seriadas realizadas no consultório médico pela Dra. Flavia Burim. Em média, a estimulação ovariana dura cerca de 12 a 14 dias, sendo realizados 3 a 4 exames de ultrassonografia durante esse período.
É durante essa etapa que as pacientes podem se deparar com os efeitos colaterais das medicações hormonais, sendo as principais queixas: cefaléia, desconforto abdominal e alterações de humor.
O manejo das doses dos medicamentos é orientado pela Dra. Flavia Burim, sendo, portanto, fundamental que o controle ultrassonográfico seja realizado pela própria médica e não em qualquer outro laboratório.
O objetivo dessa etapa é promovermos o crescimento do maior número de folículos possíveis. A retirada dos óvulos acontece com folículos de tamanho médio de 18mm.
Segunda etapa: Punção Ovariana para aspiração e recuperação dos óvulos / Coleta seminal
Com o crescimento folicular completo, chega o momento de fazermos a retirada dos óvulos do organismo feminino.
A aspiração dos folículos é realizada em centro cirúrgico, sob anestesia e sedaçäo. A punção é feita com o auxílio de uma agulha longa, conectada ao aparelho de ultrassom transvaginal e a um aspirador que irá drenar o conteúdo do folículo ovariano ao tubo de ensaio. A agulha é inserida no fundo da vagina, não sendo necessários pontos após o término do procedimento.
O conteúdo dos folículos é depositado no tubo de ensaio e deixado em um banho maria para que possa ser analisado imediatamente pela equipe de embriologia. A sala de coleta dos óvulos é coligada ao laboratório, permitindo que a embriologista acesse os tubos de ensaio, que estão em meio aquecido, sem que esse material tenha que ser exposto à variação de luminosidade ou temperatura no corredor cirúrgico.
O número de óvulos captados é informado à paciente assim que ela acorda da sedação. Em laboratório eles serão processados e avaliados quanto ao seu grau de maturidade, sendo utilizados para o procedimento apenas os óvulos considerados maduros.
O procedimento de punção ovariana dura, em média, 20 a 30 minutos. A paciente recebe alta após cerca de 2 horas, podendo retomar suas atividades habituais (com exceção de atividade física e relação sexual) no dia seguinte ao procedimento.
O homem será direcionado para a coleta seminal no mesmo dia da punção ovariana. A coleta é realizada por masturbação na maioria dos casos, com exceção dos pacientes que apresentarem azoospermia ou dificuldades ejaculatórias.
Terceira etapa: Formação dos embriões (FIV / ICSI) ou congelamento dos óvulos
As pacientes que desejarem congelar óvulos para uma maternidade futura ou coletar mais óvulos antes de prosseguir com a formação dos embriões, irão encaminhar os gametas coletados para a criopreservação nesse momento.
As demais pacientes, que desejarem já formar os embriões, iniciarão essa terceira etapa. A formação dos embriões é feita pela equipe de embriologia, podendo ser utilizadas duas técnicas laboratoriais principais: a Fertilizaçao in Vitro (FIV) clássica ou a ICSI (injeção intra-citoplasmática do espermatozóide).
A FIV clássica é realizada através da aproximação dos espermatozóides e dos óvulos em uma placa de cultura em condições semelhantes às encontradas na tuba uterina da mulher. Nessa técnica, o espermatozóide rompe a membrana do óvulo sem a manipulação direta do embriologista, de maneira espontânea.
A ICSI, desenvolvida em 1992, é hoje a principal técnica escolhida na maioria dos laboratórios de reproduçäo assistida. Nela, um único espermatozóide é selecionado pelo embriologista e injetado através de uma agulha no interior do óvulo.
Após 24 horas da manipulação dos gametas, o embriologista avalia quantos óvulos injetados, foram de fato fertilizados, ou seja, em quantos óvulos conseguimos que houvesse fusão dos núcleos celulares e formação de embriões.
Quarta etapa: Cultivo embrionário
Os embriões formados, são mantidos em meio de cultivo e incubadoras nos primeiros dias de desenvolvimento. A avaliação do desenvolvimento é feita, em geral, a cada 2 dias. Espera-se que no 5 dia de desenvolvimento o embrião encontra-se no estágio de desenvolvimento chamado de Blastocisto.
O blastocisto possui algumas centenas de células, distribuídas em uma massa celular interna e uma coroa de células, além de uma cavidade preenchida por líquido. É nesse estágio que o embrião é congelado, biopsiado ou transferido para o útero materno.
Segundo a atual resolução do CFM, um embrião pode permanecer em cultivo embrionário por no máximo 7 dias, sendo, após esse período, obrigatório o seu congelamento por período mínimo de 3 anos, antes de eventual descarte.
Quinta etapa: Transferência embrionária
A devolução do embrião ao útero da mulher pode ocorrer no mesmo ciclo do estímulo ovariano, dita a fresco, ou em um ciclo posterior. Essa decisão irá depender de alguns fatores, tais como:
- Patologias maternas: adenomiose, endometriose, mal formações uterinas que requerem correção cirúrgica, hidrossalpinge, entre outras
- Hiperestimulação ovariana
- Realização da biópsia embrionária
- Níveis hormonais e espessura endometrial ao final da estimulação ovariana
- Desejo do casal
A transferência embrionária é realizada novamente em ambiente hospitalar, porém não requer anestesia ou sedação, já que se trata de procedimento indolor. A escolha do ambiente de transferência se deve à localização do laboratório de embriologia.
Durante o procedimento, a paciente permanece acordada e acompanhada de seu parceiro. O procedimento se inicia com a introdução de um cateter flexível até o fundo do útero, sob visualização ultrassonográfica, e é acoplado a esse cateter uma seringa contendo um ou dois embriões em meio de cultura. Os embriões são depositados a cerca de 2cm do fundo do útero. A paciente permanece deitada por alguns minutos e, em seguida, já está apta a se levantar e retornar para casa.
O teste de gravidez é realizado cerca de 10 dias após a transferência, no caso, de blastocistos transferidos.